Ainda na mesa de jornalismo participativo, o blogueiro José Cervera iniciou sua fala enérgica afirmando que “nossos problemas vem do problema em definir a profissão. Não temos claras as raízes da profissão, o que é uma notícia e o que é um meio de comunicação, então como vamos estar seguros do que é e como formar um jornalista?”.
As coisas se complicaram mais ainda, segundo Cervera, porque não sabemos o que define “um meio de comunicação”. Antes, segundo ele, era deter um canal de distribuição, ter uma uma concessão de rádio, TV ou parque gráfico. Hoje o canal de distribuição está a disposição de todos, é a internet. “Precisamos nos diferenciar do Google, You Tube, e se não tivermos claro uma alternativa própria, não conseguiremos”. “Pois não vou deixá-los na mão”, continuou, “para mim um meio de comunicação é uma empresa que proporciona respaldo e estrutura para que seus empregados trabalhem, que tenha uma marca e um departamento de marketing para vender seu produto. Um meio de comunicação deve ser um produto, que seja único, diferente. Como fazer isso na internet? O primeiro clique já perdemos, pois é do Google. Então temos que buscar o segundo, estar na lista de busca do Google. Temos que fazer bons produtos, pois sem produto não há meio e sem meio não há jornalistas”.
Em meio ao cenário nublado da crise do produto jornalístico e do papel da audiência cada vez mais ativa, Rosa Jiménez, da Prisacom, apresentou o Yo Periodista, seção para participação dos usuários na versão online do El País. Sem conclusões ou uma definição clara do que a empresa pretende com a seção, Jiménez disse, porém, que “é um poder para o jornal dar a possibilidade das pessoas terem um site (o El País também disponibiliza a criação de blogs pelos usuários) que as pessoas ‘achem’ que é delas”.
O conteúdo da maioria dos textos que os usuários publicam no Yo Periodista versa sobre violência esportiva e catástrofes naturais, casos nos quais naturalmente a colaboração dos usuários costuma ser alto. E garantiu que, com uma equipe de oito pessoas para manter a qualidade da seção, “muda a função do jornalista e há mais trabalho do que nunca”.